A Festa do Enterro
No velório de Costinha e Zé Pereira reuniram-se os parentes, amigos e familiares dos defuntos para festejarem a morte de 2 pilantras da pesada, safados de plantão e sacanas por natureza, espertos por vocação e malandros por profissão.
Durante o enterro, a alegria tomou conta de todos, a felicidade era tanta que o carnaval de comes e bebes logo acabou, e tiveram que improvisar mais salgados, doces e bebidas para não frustrar os participantes, que queriam celebrar o fim da violência na Cidade e o término da maldade na comunidade, de iniciativa da quadrilha mágica e elétrica que contagiava toda a sociedade de então, ao bagunçar a política dos chefões do Senado e desarrumar a economia do país inserindo entre todos a sujeira dos palavrões transformados em dinheiro e a porcaria das falcatruas metamorfoseadas em sexo explícito entre a moçada das esquinas e os rapazes trabalhadores das ruas e avenidas próximas de suas casas.
De fato, toda a Cidade se encontrou no Cemitério do Caju a convite de Juracy e Peninha, irmãos das vítimas, que fazia parte da quadrinha da Santíssima da Caridade, organizadora do evento fúnebre convertido em alegria, em festa de presuntos bem burocratas e aburguesados, que na vida fizeram a felicidade de toda a gente ali junta e unida apesar de suas intenções mal resolvidas e de seus interesses bem obscurecidos quando se tratava de distribuir os bens, créditos, favores e benefícios conseguidos com seus assaltos ao comércio local, seus seqüestros-relâmpagos com os vizinhos e seus roubos a banco com cujo capital tal quadrilha de assaltantes folgados e ladrões abusados fazia a divisão entre os pobres da Cidade, felizes com tanto dinheiro diante de si.
Assim, no Caju, constatou-se que a quadrilha da Santíssima da Caridade representada por Costinha, Juracy, Zé Pereira e Peninha mesmo violenta e agressiva não era tão má assim, porque ela finalmente acabou com os mendigos da Cidade, e por isso o enterro era uma festa, o velório era só alegria com bebidas e comidas à vontade, músicas e danças com fartura, as capelas do Cemitério eram só louvor a Deus, e todos bendiziam e agradeciam ao Senhor por essa felicidade de conhecer a Santíssima da Caridade, a quadrilha dos pobres transformados em ricos, que tornou possível entre nós a saúde da Cidade e a felicidade da Sociedade.
A Festa então no Cemitério, que se tornou alegria completa, se fez também um verdadeiro carnaval de bem-estar e felicidade social, política, econômica e cultural, possibilitando as lágrimas de júbilo e os choros de alegria que encantava e maravilhava a todos.
Obrigado, Senhor, pela festa do enterro de Costinha e Zé Pereira promovida por Juracy e Peninha.
Todos estão felizes com isso.
Graças a Deus.
Glória a Vós, Senhor.
Esse foi o dia em que as coisas tristes se tornaram alegres, a morte se fez vida, as lágrimas se converteram em alegria, e a tristeza deu lugar ao sorriso estampado em todos os rostos da Cidade.
Sim, é possível transformar a tristeza de alguns em felicidade de todos.
A Vida sempre vence.
E a alegria sempre ganha.
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