Emergência - Devemos sempre crescer, progredir e evoluir
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Naquela noite, em Copacabana, respirava-se turbulência, as ruas estavam confusas, as avenidas cheias de feridas, o comércio já fechava suas portas, os automóveis pareciam preocupados com o ambiente a sua volta, o cotidiano se encontrava inquieto e ocupado com suas complicadas transições temporais e reais, as pessoas circulavam pelos becos e pelas praças parcialmente agitadas, intranqüilas, misturando ao caótico dia a dia daquele bairro, impregnado da presença maciça de idosos, aposentados e pensionistas do INSS, jovens que trocavam idéias enquanto caminhavam, crianças ainda brincando naquele horário, trabalhadores que saiam e voltavam para casa em mais um dia de luta, mulheres que se apaixonavam no meio do caminho, pobres pedindo esmolas na porta das igrejas, mendigos carregados de cachaça fazendo bagunça e baderna por onde passavam, o chão sujo e quente pois fazia 39 graus naquele momento, as estrelas no céu anunciando profeticamente mais uma madrugada perigosa, violenta e de risco para os cariocas.
Era mais uma quarta-feira anoitecendo no Rio.
Perto das 22 horas, um grito de mulher sacudiu o ar doentio e o clima aparentemente calmo de Copa dos bacanas, a região dos namorados de todo fim de semana, o lugar dos bate-papos cotidianos.
Era Sheila.
Sheila Gonçalves Batista das Neves.
Uma jovem cidadã do Rio de Janeiro, de 29 anos, que então havia sido assaltada e assassinada naquele instante, em frente à Igreja na Rua Hilário de Gouveia, n. 36, diante da Praça dos Paraibas.
Levaram-lhe no assalto a bolsa cheia de dinheiro, documentos, cheques e cartões de crédito, e algumas faturas de banco que ela iria pagar no dia seguinte.
A PM foi avisada.
E conduziram-na já morta para o Instituto Médico Legal, ali no Estácio.
Seu enterro, na quinta-feira, no Cemitério do Caju, às 11 horas da manhã, teve grande contingente de participantes, amigos, familiares e parentes.
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Seu Gonçalves, pai de Sheila, via-se inconformado com o crime, não aceitava de jeito nenhum o fato ocorrido, estava tão transtornado com o triste episódio que a partir do velório de sua filha no Caju, deixou de se alimentar e não ia mais ao trabalho, passando esses últimos dias trancado em seu apartamento, convivendo com a angústia da família, o sofrimento de sua mulher, dona Clotilde, e de seus outros 3 filhos.
Pai de família, trabalhador assalariado, 57 anos, seu Gonçalves enfrentava então mais uma contradição na sua vida, a morte de Sheila, de quem era muito amigo e uma filha predileta aos olhos daquele homem direito e de respeito, bom com os vizinhos, solidário com todos, cidadão generoso e fraterno, amigo das pessoas, um camarada cujo caráter era equilibrado, controlador de suas paixões, desejos e emoções, que tinha completo domínio de si mesmo.
Tal adversidade na existência de seu Gonçalves exigia dele, um cara de fé e adorador de Deus, o Senhor, mais um esforço de superação, em que deveria ultrapassar o choque da tragédia e transcender os antagonismos e contrariedades que a partir daquela hora se instalaram no seu viver diário.
Precisava ele, mais uma vez, na sua jornada difícil e na sua trajetória quase impossível de ser vivida, emergir espiritualmente, elevar-se perante os abismos agora oferecidos pela realidade do dia a dia, subir outra vez os degraus duros, ásperos e azedos da escadaria do amor de Deus, que Lhe pedia insistentemente naquela situação presente: “Filho, recomece tudo outra vez”.
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Desde o início do século XXI, seu Gonçalves e seus familiares vêm meditando sobre a vida e seus conflitos e contradições diárias, a luta cotidiana, o desejo de realizar sonhos e a necessidade de viver uma existência mais calma e tranquila, em paz consigo mesma, buscando sempre superar as dificuldades do dia a dia, as contrariedades e adversidades encontradas à beira do caminho, o pessimismo e as negatividades dos maus relacionamentos e da péssima convivência de cada hora, aqui e agora, para isso se utilizando de uma filosofia de vida que traz consigo próprio há vários anos baseada fundamentalmente no otimismo e no pensamento positivo, na boa qualidade de vida que se deve ter, no alto astral e na auto-estima elevada, além de vivenciar com os seus todos os dias e noites uma experiência de equilíbrio mental e emocional, controle da mente e domínio de si mesmo, sem os quais sua vida não tem sentido nem razão de existir, o que ao lado do bem que faz e da paz que vive no meio de todos, lhe possibilita criar amizades por toda parte onde vai, desempenhar atividades humanas, naturais e culturais em que sobressaem a sua generosidade com as pessoas que encontra, a sua prática da fraternidade com seus semelhantes e o exercício da solidariedade com quem está próximo a si, ao seu lado ou em torno de si.
Tal atitude superadora de problemas os mais variados faz de seu Gonçalves um indivíduo querido na vizinhança, dentro e fora de casa, na família e no trabalho, com os amigos e conhecidos, tornando-o assim então um verdadeiro conselheiro espiritual para os demais que nele confiam suas interrogações existenciais e suas questões cotidianas, transformando-o em psicólogo do dia a dia, o explicador das coisas simples, o mestre da vida boa de se viver, o advogado dos “problemáticos”, o médico das almas, o orientador do povo, sempre quando se trata de assuntos do dia a dia.
Sua fé em Deus é o fundamento de sua alegria e bem-estar.
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Alguns anos mais tarde, aos 60 anos, seu Gonçalves se aposentou pelo INSS.
Dizia ele: “A partir de agora, vou preparar a minha eternidade, como já o faço há muito tempo durante a minha jornada de vida e trajetória de existência. Desde então, serei mais amigo das pessoas, mais fraterno com os amigos, mais solidário com os pobres e necessitados, mais generoso com quem precisa da minha ajuda, da minha palavra de conforto, do meu conselho espiritual, da minha orientação psicológica, do meu braço colaborador ou da minha mão apontadora do melhor caminho de bem viver essa vida de cada dia. Serei ainda mais positivo e otimista, gerando ambientes de crescimento econômico, progresso social e evolução política, e de desenvolvimento material e espiritual, físico e mental, cultural e ambiental. Quero ser mais bom, fazendo o bem a todos e cada um e vivendo em paz uns com os outros. Desejo construir sempre e destruir jamais. Farei da minha fé em Deus o fundamento de uma boa ética comportamental e de uma ótima espiritualidade natural. Anseio por subir todos os dias e todas as noites, a partir de hoje, os degraus macios, leves e suaves das escadarias do amor, do qual gerarei minha nova e diferente filosofia de vida, com o qual criarei outros relacionamentos mais autênticos, transparentes e verdadeiros, no qual depositarei meus créditos de mútua ajuda, de favores reciprocamente distribuídos e de benefícios em prol dos mais carentes e pobres, e menos favorecidos, e para o qual indicarei a solução dos problemas cotidianos e a resposta certa e correta a todas as questões de cada momento.
Em função do amor de Deus, viverei a minha vida, levantarei o edifício do progresso e do desenvolvimento, criarei condições de saúde e bem-estar para todos, aumentando sempre o astral de grupos e indivíduos e elevando a auto-estima de quem ainda é triste e angustiado, doente e desesperado, aflito e agonizante em tempos de violência nas ruas da Cidade e de maldade e ruindade na cabeça e na vontade de muitas pessoas. Assim, saberei que a minha vida e a de quem está ao meu lado e ao meu redor estarão sempre em ordem, disciplinadas em suas mentes e atitudes, e organizadas em seus conhecimentos adquiridos, nas idéias compartilhadas e nas interações de cada dia. Realmente, desse modo não crescerei sozinho todavia estarei consciente de que comigo outros estarão subindo também, emergindo para situações boas e transformadoras e circunstâncias de vida ótimas e libertadoras, renovadoras de nossos princípios existenciais, morais e espirituais, e consolidadoras de suas bases fundamentais mais sólidas e consistentes, de onde se erguirão vidas novas, vidas em progresso, vidas livres e felizes.
Sim, desde agora construirei a minha felicidade, a felicidade de fazer os outros felizes”.
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Uma greve de professores do Estado do Rio de Janeiro, promovida pelo SEPE - Sindicato Estadual dos Profissionais de Educação – deixou nesta manhã de Segunda-feira, dia 4 de Maio de 2009, jovens do Ensino Médio sem aula, o que causou grande reboliço na Cidade e nas regiões circunvizinhas, turbulência nessas sociedades e comunidades de moradores, trabalhadores do ensino e estudantes em geral, confusão na cabeça das pessoas e complicação mental em muitos indivíduos e grupos que sofreram as conseqüências dessa paralisação de 48 horas dos mestres e demais agentes pedagógicos tais como diretores de escolas, professores e professoras estaduais do ensino público, coordenadores, inspetores e funcionários de todos esses colégios atingidos por esse caos educacional, desordem social, indisciplina de interessados em provocar instabilidade política e desorganização no sistema educacional do Estado, alunos e alunos e as demais comunidades adjacentes a essas instituições de ensino, todos transtornados com a decisão repentina dos docentes e seus colaboradores no meio do semestre, muitos inclusive preocupados com a saúde e o bem-estar dos jovens estudantes apanhados de surpresa por essa parada social dos profissionais de educação.
Seu Gonçalves, como todos já sabem, procurou agir rápido em tal situação instável instalada no Rio de Janeiro, não só ajudando a acalmar os ânimos e as tensões dos vizinhos, como também mantendo a tranqüilidade de seus 3 filhos, igualmente estudantes do ensino médio do Estado chocados com a bomba atômica que foi essa greve, como Michelle, de 16 anos, Eduardo, de 17 anos, e Roberto, de 18 anos, todos cursando as aulas, matérias e disciplinas do antigo científico aqui no nosso Estado.
Seu Gonçalves, experiente em circunstâncias como essa, sábio em seus aconselhamentos psicológicos e espirituais e compreensivo diante da reação estudantil, ordenou a seus garotos que refrescassem a cabeça, saíssem da rotina diária, dessem uma “paradinha de Pelé”, e fossem se distrair nesse período de greve ou indo à Praia de Copacabana ou Ipanema pela manhã, pois fazia sol nesses dias, tomar um banho de sol e mergulhar no mar, ou freqüentando os cinemas do bairro assistindo a um filme em cartaz nesses casas de entretenimento, ou mesmo fizessem outras coisas quaisquer diferentes da sala de aula como medida para aliviar as preocupações dessas horas inconstantes, as tensões exageradas e os conflitos internos que tais momentos provocam na vida de seus filhos e estudantes.
Deu certo.
Sua esposa, dona Clotilde, aproveitou o “feriado” ou o intervalo de paralisação do magistério para dar um passeio pelo Shopping da área, ou fazer umas compras então necessárias no Supermercado Mundial ali pertinho.
Resultado: “Emergimos outra vez”, concluiu seu Gonçalves.
Terminada a greve, a rotina voltou, os trabalhos recomeçaram e os estudos retornaram às suas atividades cotidianas.
Mais uma vitória na vida do seu Gonçalves.
A Greve na verdade fez bem a todos.
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Copacabana, hoje, perto de meio-dia, está aparentemente tranqüila, com seu comércio nas ruas, praças e avenidas parcialmente tomado pelos transeuntes, moradores e trabalhadores do bairro, amigos que se encontram para saber das últimas novidades, crianças que se chocam em brincadeiras de pic-esconde, jovens que dialogam sobre as matérias e disciplinas da faculdade e seus conteúdos de conhecimento de qualidade, mulheres que namoram e paqueram seus machos de sempre, idosos e mais velhos que discutem sobre as possibilidades da internet, do computador e da informática na terceira idade, pobres e mendigos sentados nas calçadas sob as marquises pedindo esmolas ou um trocado em reais para comprar uma comida no restaurante ou botequim mais próximo, comerciantes, enfim, que interagem entre si, fazendo intercâmbios de produtos e matérias-primas baratas ao preço do mercado e compartilhando ao mesmo tempo seus interesses em negócios e investimentos a curtos, médios e longos prazos, analisando as viabilidades das relações de produção e consumo.
Sim, realmente, há movimento na Copa dos bacanas.
Todos trabalham, passeiam e se divertem.
Muitos em casa e nos seus apartamentos de 2 e 3 quartos.
Alguns se distraem na praia, outros lancham e almoçam nas padarias e lanchonetes ali localizadas.
Foi quando, surpreendentemente, sem mais nem menos, um arrastão de moleques de rua, menores abandonados e garotos cheirando cola ou fumando maconha, explodiu na Avenida Atlântica de frente para a praia e roubou e assaltou diversos banhistas, camelôs, grupos reunidos e indivíduos à paisana, levando-lhes dinheiro, documentos, cheques especiais, celulares, cartões de crédito e débito e até computadores, nootbooks e laptops de quem trabalhava ali mesmo na areia diante do mar, visto que à beira-mar já tem internet pública, a rede mundial de computadores, livre e gratuita, para quem queira realizar trabalhos e atividades naquele lugar.
No mesmo instante, a confusão se formou.
Uma gritaria geral acordou as pessoas que por lá passavam, parou o trânsito e os carros na região, a polícia e a PM apareceram, os meninos assaltantantes então atravessaram a Avenida Praiana levando tudo pela frente, derrubando pessoas e barracas, chutando areias, objetos e aparelhos eletrônicos, destruindo comidas e bebidas e estragando a festa dos turistas e estrangeiros que ali então se encontravam.
Bagunça generalizada.
Que palhaçada!
A Desordem se instalou, a indisciplina aconteceu e a desorganização imperou agora naquele momento.
Passados dez minutos, estava tudo no chão, a sujeira se espalhou pelo calçadão, com roupas e sapatos, sandálias e utensílios domésticos estirados no solo quente de quase 2 horas da tarde.
Terminado o arrastão, aos poucos se voltou à rotina diária.
Alguns feridos, outros machucados seriamente e muitos desesperados com a situação gerada foram conduzidos aos hospitais de emergência da região como o Miguel Couto e o Rocha Maia.
Nas adjacências da Avenida Atlântica, comercializando suas camisas, roupas e vestuários, seu Gonçalves, surpreso, soube do episódio e correu em direção à Praia e ao local do conflito na tentativa de ajudar a contornar a situação, manter a ordem pública, acalmar os ânimos das pessoas e tranqüilizar o ambiente hostil que se criara, como que interferindo naquelas circunstâncias adversas como meio de apaziguar os sujeitos envolvidos, amenizar os problemas produzidos e diminuir as gravidades ora surgidas.
Em pouco tempo, a ordem se restabeleceu.
A Paz retornou.
E o cotidiano voltou.
Seu Gonçalves, mais aliviado, agradeceu a Deus a volta ao normal, e louvou o Senhor por mais uma vitória do bem sobre o mal.
Apesar dos transtornos causados e dos distúrbios violentos, a vida se superou, ultrapassou-se mais uma vez a cultura da morte e da maldade e transcenderam-se positivamente as barreiras e dificuldades e contrariedades provocadas por uma mentalidade ruim e marginal, negativa e pessimista, maldosa, empreendedora de divisões e cultuadora de exclusões, que ainda impera em alguns setores da nossa sociedade.
Emergimos mais uma vez.
7
Vivenciando uma filosofia de vida baseada fundamentalmente na busca da fraternidade entre si e da solidariedade entre seus membros, na prática do bem e da paz e na construção de coisas boas para a sua comunidade, a partir é claro de uma visão otimista da realidade, ajudando-se portanto mutuamente, interagindo trabalhos, esforços e empenhos, e compartilhando tarefas e atividades cotidianas, fazendo intercâmbios sociais e culturais, políticos e econômicos, seu Gonçalves e um grupo de amigos, parentes e conhecidos partiram nesse final de semana, sábado, dia 9 de Maio de 2009, para um Mutirão em nome da AMACO – Associação de Moradores e Amigos de Copacabana – tendo em vista construir o SSS – Serviço Social Solidariedade – ali pertinho no final da Rua Tonelero, que seria um casarão grande onde se cuidaria de prestar auxílio, ajuda, colaboração e solidariedade à população de rua daquele bairro, de grande contingente de gente, tratando logo de sua saúde alimentar com medicina preventiva 24 horas por dia, além de garantir a infraestrutura de vida dessas pessoas como por exemplo cobertores e casacos para o frio durante o inverno que se aproxima, lanche e almoço periodicamente, remédios e médicos para suas enfermidades, cursos técnicos e de informática e de educação e cultura geral para quem se interessar, oferta de empregos quando preciso, auxílios transporte e moradia quando possível, desenvolvendo ainda exercícios físicos e de ginástica nas areias da Praia de Copacabana, aulas de mergulho e natação para quem quiser aprender o segredo das águas, programas de arte e lazer para quem pretende se distrair nesse tempo de violência nas ruas e avenidas de Copa, um bairro-Cidade, acolhendo, ajudando e promovendo assim os moradores e trabalhadores dessas regiões escuras e vazias da Cidade quase Maravilhosa do Rio de Janeiro.
Depois de 4 meses de intensos trabalhos, finalmente o casarão do SSS da AMACO ficou pronto, e dias mais tarde já passou a funcionar prestando como disse solidariedade às pessoas pobres e menos favorecidas que ali apareceriam, de preferência à população mais necessitada das ruas e becos, praças e avenidas de Copacabana.
Seu Gonçalves, feliz com a idéia, também ofereceu sua inteligência, seus braços e suas mãos, contribuindo para a construção de mais um espaço de emergência na sua localidade.
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Em mais uma Segunda-feira, dia 11 de Maio, de engarrafamento nas ruas e avenidas do Bairro, a Copa dos sacanas e dos bacanas do Rio de Janeiro amanheceu chorando, triste com a confusão em suas regiões e angustiada com os constantes conflitos em suas localidades, o que tornava o tempo feio, o ambiente da Cidade agonizante e o clima entre seus habitantes mais áspero e mais salgado, mais pesado e doentio, mais carregado de sonhos complicados que não se realizavam, pleno da possibilidade de controvérsias entre os seus vizinhos, de contrariedades nos relacionamentos e de adversidade nos negócios e empreendimentos, exagerando-se também no pessimismo que aparentemente atormentava quase a maioria e indo além dos limites no negativismo das relações humanas ou desumanas de cada dia, parecendo mesmo que a área municipal do Estado do Rio e sua capital estavam em estado de crise emocional, existencial e espiritual, viabilizando uma situação tal que os cariocas se encontravam na verdade em uma rua sem saída diante de tantos problemas mau resolvidos, de inúmeras dificuldades financeiras que envolviam grande parte de seus moradores e trabalhadores, distúrbios sociais como a violência urbana e a marginalização de grupos e indivíduos em seus morros e favelas, aberrações ambientais diariamente como o tiroteio de balas perdidas que assustavam os transeuntes em sua ida e volta ao trabalho, enfim, circunstâncias contrárias que se viviam cotidianamente como que se constantando e aprovando a vitória do bem sobre o mal, da guerra sobre a paz, do caos sobre a ordem, da indisciplina sobre a calma e a tranqüilidade, da desorganização política e econômica sobre os desejos de felicidade e os anseios de liberdade, levando a alegria do Rio ao chão, o sorriso do seu povo ao abismo e o otimismo de seus cidadãos à beira da loucura.
Aquele engarrafamento nessa manhã de Segunda-feira acordou mais uma vez a Cidade, conscientizando-a de vez de que não nascemos para a violência e a instabilidade social, não fomos feitos para a maldade, nossa origem não é nunca a desordem da consciência ou as brigas, os quebra-quebras e as pancadarias diurnas e noturnas das experiências e práticas rotineiras vividas quase que constantemente na vida real cotidiana, fechando pois assim as portas do bem que se deve fazer e da paz que se deve viver, do amor que se deve vivenciar e da vida que se deve amar e defender nessas horas difíceis da Cidade, ou nessas ocasiões turbulentas e caóticas experimentadas quase sempre pelos cariocas e brasileiros em geral, ou nesses instantes tristes e nesses momentos quase impossíveis que atravessamos diariamente no vai e vem de passeios e viagens, ginásticas e exercícios físicos, atividades de esporte e lazer e os esforços do trabalho e os empenhos de quem não quer jamais viver na lata do lixo da existência nem no inferno de uma vida baseada na cultura da morte e em uma mentalidade de maldade e violência que ainda imperam em Cidades como o Rio de Janeiro.
“Que Deus nos ajude”, pensou seu Gonçalves enquanto olhava da janela do seu apartamento o trânsito fechado, os passageiros nervosos e o ambiente hostil e adverso que se vivia naquele momento.
“Que o Senhor tenha pena de nós”, concluiu o pai de família, se dirigindo agora para as suas atividades comerciais nas ruas, praças e becos, e avenidas de Copacabana.
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